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Bate-papo: Saúde física e mental para professores/as em tempos de pandemia

No dia 29 de maio realizamos o bate-papo online “Saúde física e mental para professores/as em tempos de pandemia”, onde conversamos sobre o posicionamento da ONG em realizar ou não atividades físicas ao ar livre durante a quarentena e, com o apoio de voluntárias que são também profissionais de educação física e psicologia, compartilhamos conhecimentos e meios para minimizar os impactos da pandemia na sanidade física e mental, com as falas direcionadas aos professores e professoras. Na conversa, com cerca de 70 participantes online, buscamos engajar e manter esse contato com os/as professores/as que vêm nos apoiando e são atores fundamentais em nossas atividades.

Como base, utilizamos também nosso material sobre como estamos nos mantendo ativos, em casa, durante a quarentena

O Bate-papo foi introduzido e mediado pela diretora e fundadora da ONG Silvia Stuchi que, como também realiza o pós-doc na EACH USP, começou a apontar algumas dificuldades encontradas no âmbito docente, surpreendidos pela pandemia do coronavírus, adaptação teve de ocorrer de forma brusca. Os docentes precisam lidar com a pressão de adaptar-se a ferramentas virtuais, preparar atividades que mantenham os alunos estimulados, e ainda ter a preocupação com o bem-estar, alimentação, falta de internet e ambiente familiar hostil de alguns alunos e alunas… Silvia ressaltou que, aqui cabe também pensar no futuro, mas buscando resolver os problemas do passado e do presente, escancarados pela pandemia.  

Por fim, sobre a posição da ONG em não realizar atividades físicas ao ar livre na quarentena, apesar de não haver proibição, foi colocado que trata-se de uma postura ética, de cidadania e de pensar no coletivo em detrimento da vontade individual. Para tanto, nos baseamos em alguns fatos e estudos: como garantir que todas as pessoas que sairão estarão bem informadas e seguirão o protocolo de higienização/ descoronização?; vivemos em áreas densas, com calçadas estreitas. Como manter o distanciamento físico?; estudo recém-lançado por pesquisadores das Universidades de Leuven e Eindhoven, analisando o espalhamento de gotículas de saliva, mostra que, durante atividades físicas ao ar livre, pode atingir até 20 metros(!!). Ou seja, a recomendação da OMS de 1,5 metro, segue válida, mas não para atividades em movimento na rua, parques etc como correr, caminhar e pedalar; Somos responsáveis pela influência que temos em nosso entorno, com nossas posturas, atitudes e discursos. Especialmente, em tempos em que opiniões insistem em refutar a Ciência, ir para a rua pode soar como um convite à ocupação do espaço urbano. Ainda, pode contribuir para o discurso que desqualifica a importância do distanciamento físico e a última mensagem que devemos transmitir, com as nossas atitudes, é que a quarentena pode ser menosprezada. É a mudança de hábito temporária que garantirá o efeito desejado e quanto mais gente lúcida no propósito, mais rápido estaremos de volta às ruas, finalizou Silvia.

Bate-papo online CA_29 maio1

Em seguida, as voluntárias convidadas conversaram sobre postura corporal, exercício físico e saúde mental, fornecendo diversos exercícios, simples e efetivos, aos/às participantes presentes. Deixamos aqui alguns deles, passados pelas voluntárias: 

Nathália Maria Zampronha – profissional de educação física

Professoras e professores precisaram se adaptar rapidamente à nova dinâmica de aulas à distância, além de precisarem fazer isso de suas residências. Essa rotina que demanda longos períodos sentados exige que tenhamos mais atenção à nossa postura para evitar dores e realizar nossas tarefas confortavelmente. Confira o vídeo que desenvolvemos no qual a Nath nos explica como realizar esses movimentos em casa:

Aqui estão algumas ideias que podem ajudá-los a manter uma boa postura:

  • Escute seu corpo – preste atenção nas tensões e sensações que seu corpo demonstra, principalmente após longo período na mesma posição. Ele pode te indicar onde prestar mais atenção na sua postura.
  • Espreguice-se! –  ao acordar, leve alguns minutos para se espreguiçar. Após muito tempo na mesma posição ou quando sentir que o corpo está pedindo, alongue o corpo com os movimentos naturais feitos ao se espreguiçar.
  • Sente sobre seu quadril – sentar-se sobre os ísquios (ossos pontudos na parte inferior do quadril) ajudará a manter a coluna alinhada.
  • Mantenha o pescoço alinhado com os ombros – olhando para tela do computador ou celular tendemos a levar a cabeça para frente. Procure manter a cabeça ereta (orelhas, pescoço e ombros alinhados). Colocar um livro sobre a cabeça e “empurrá-lo” para cima é uma boa forma de ajustar sua postura (pode ser feito de maneira imaginária também, não precisa estar literalmente comum livro sob a cabeça.).
  • A cada 30-40 minutos levante – se puder caminhar por um minutinho ou alguns segundinhos que seja, ótimo, se não, simplesmente levantar e sentar já te ajudará a retomar consciência da sua postura e ajustá-la se necessário, além de contribuir para melhor concentração.

Carolina Rossato Volpini – profissional de educação física

Nesses tempos de pandemia precisamos fazer um esforço a mais e até sermos um pouco criativos para nos mantermos em movimento. Então porque não movimentarmos um pouco o corpo enquanto estamos sentados! Confira o vídeo que desenvolvemos no qual a Carolina nos explica como realizar esses movimentos em casa:

  • Ajuste a postura – girando o ombro levemente para trás, alinhe o quadril, costas pescoço e cabeça. Faça algumas respirações profundas nesta posição.
  • Relaxe o pescoço – lentamente, agora com respiração neutra, dobre o pescoço para frente e para trás, 3 vezes. Coloque as mãos atrás da cabeça com os dedos entrelaçados e empurre a cabeça para trás por alguns segundos.
  • Alongue os braços – leve os braços para trás da cadeira e tente juntar as mãos, lembrando de manter a coluna ereta e os ombros relaxados. Depois, eleve os braços acima da cabeça com os dedos entrelaçados, como se estivesse se espreguiçando.
  • Estique as pernas – apoie as mãos na lateral do assento da cadeira, de maneira que os braços fiquem esticados, eleve as pernas até que fiquem paralelas ao chão e movimente os pés para frente e para trás de 3 a 6 vezes. Ao voltar com os pés no chão, levante-os e abaixe-os algumas vezes de maneira que as pontas dos pés permaneçam no chão, empurrando os joelhos para cima.
  • Alongue as costas – afaste ligeiramente as pernas e mantenha a coluna ereta. Em seguida respire fundo e ao soltar o ar gire o tronco para direita, colocando a mão esquerda sobre o joelho direito e tentando segurar o encosto da cadeira com a mão direita. Permaneça assim por alguns segundos respirando profundamente e tentando expandir o peito antes de voltar a olhar para frente. Repita o mesmo para o outro lado.

 

Marina Pereira – psicóloga

É certo que pandemia nos impõe desafios para mantermos a saúde física. Além de nos cuidarmos para não sermos infectados, prevenir qualquer outro tipo de enfermidade é tão importante quanto, e a atividade física é parte importante nessa prevenção. 

Outro ponto muito importante, e que felizmente vêm ganhando maior atenção, é nossa saúde mental. São inúmeras as maneiras em que nossa mente influencia nosso corpo e, talvez, o primeiro passo para cuidarmos da nossa saúde mental é estarmos cientes dessa ligação de corpo e mente e atentos aos sinais que nos dão.

Especificamente neste momento de quarentena, alguns pontos podem se sobressair e apresentar um desafio, como:

  • Rotina – para muitos de nós, professoras/es com certeza, tudo mudou de uma semana para outra. Essa falta de rotina pode trazer ansiedade e desconforto. Lembre que são muitos os momentos na vida que nossa rotina precisa mudar drasticamente, provavelmente você já vivenciou essa situação. Nosso corpo e mente são flexíveis para lidarem com mudanças e, com tempo, se ajustarão. Tente não se afobar e nem se cobrar para que tudo esteja sob controle como “ontem” parecia estar.
  • Organização – sem rotina é certamente desafiador se organizar, afinal, mesmo para os que podem ficar em casa, há muitas tarefas para realizar. Uma dica é fazer uma agenda. Pode ser em um caderno, folha avulsa, computador ou celular, o importante é que seja uma lista que, inclusive, contenha os momentos de lazer e, que se morar com outras pessoas, tarefas compartilhadas.
  • Isolamento social – para nos cuidarmos precisamos ficar distantes fisicamente, mas não socialmente. Claro, precisamos ser criativos com nossas interações sociais, mas precisamos nos dedicar a mantê-las. Internet, telefone, conversa da janela ou do portão. Com a família, amigos, cachorro, gato ou com a parede. Se expresse, comunique-se, fale, ouça, gesticule ou desenhe. Interagir com quem ou o que estiver à sua volta é uma maneira de se manter no presente cuidando de sua saúde mental. 

Bate-papo Saúde física e mental para professores(as) em tempos de pandemia

Agradecemos muito às nossas convidadas assim como todos e todas que puderam participar da conversa!

O próximo próximo bate-papo dessa série terá como tema “Territórios educativos em tempos de pandemia – a cidade é casa; a casa é cidade”, e será realizado no dia 05 de maio das 13h às 14h30, com a participação das voluntárias: Bibiana Tini (arquiteta e urbanista), Graziela Mingati (arquiteta e urbanista), Isabela Mello (estudante de Pedagogia) e Marcela Ferreira Novaes (professora) e com a mediação de Silvia Stuchi. Para participar basta acessa esse link no dia e horário do bate-papo.


Nathália Maria Zampronha
Profissional de Educação Física, especializada em Pilates Clássico e Treinamento Desportivo. Apaixonada pelo movimento humano, busca levar qualidade de vida aos seus clientes, respeitando as características e buscando entender como cada um funciona a fim de desenvolver um trabalho assertivo. @nathmzam / profnathalia@gmail.com

Carolina Rossato Volpini
Profissional de educação física, com atuação em educação social no projeto “Brincadeiras com Meninos e Meninas de/e na Rua”. Especializada em pilates, atua como instrutora de pilates e em atividades com o desenvolvimento de habilidades motoras. @carolvolpini

Marina Pereira
Psicóloga, Marina acredita na escuta empática, que devemos ouvir além do contexto e focar na intenção do outro e nas suas emoções por trás das palavras. Atua como voluntária em diversas instituições, na área de saúde, inclusão social e mobilidade ativa. @psicologa_marina_pereira

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