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Reunião a pé, na Austrália: Corrida Amiga e Walk Sydney

No dia 21/02, Silvia Stuchi e Lena Huda, presidentas das organizações Corrida Amiga e Walk Sydney, respectivamente, fizeram uma “reunião a pé” (walking meeting), por cerca de 2 horas (que nem sentiram passar), pela costa de Wollongong, para trocar experiências sobre os trabalhos de advocacy que realizam em prol de cidades mais amigáveis para as pessoas, com foco na mobilidade a pé.

Apesar das grandes diferenças de contextos, em diferentes níveis, há questões comuns, com destaque para a segurança viária, sobretudo na velocidade máxima permitida, fiscalização e tempos de travessias insuficientes, sobretudo, para crianças e pessoas idosas.

Nesse sentido, Silvia pode compartilhar com Lena a campanha Travessia Cilada, realizada pela Corrida Amiga com o apoio de várias organizações brasileiras, em 2019. Para garantirmos o direito de ir e vir da população, é necessário assegurar travessias de qualidade para todas as pessoas, com faixas de pedestre, acessibilidade através de rampas e piso tátil e tempos semafóricos com uma frequência apropriada para todas as pessoas. As cidades brasileiras devem cumprir com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/15) que assegura e promove acessibilidade para pessoas com deficiência e pessoas com mobilidade reduzida, o Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Lei nº 9.503/97) e a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU (Lei nº 12.587/12) que garantem a acessibilidade universal e devem prezar pelo o princípio da liberdade de movimento para todos.
Nisso, Silvia contou também como o Instituto desenha estratégias de articulação e mobilização da sociedade para essas iniciativas, bem como a sensibilização da grande mídia, colocando o tema em pauta (saiba mais em nosso Guia de mobilização de campanhas, que indica um possível caminho para organização de uma campanha, baseado em nossas experiências). Outra estratégia é a informação embasada em dados, sejam eles coletados pela própria população e/ou reforçados por pesquisas científicas. Silvia falou também sobre os trabalhos realizados em escolas públicas, com o público infantojuvenil, unindo temas de mobilidade urbana, cidadania, saúde e sustentabilidade.

Lena reforçou que as ações da Walk Sydney também ganham mais relevância junto ao público geral quando a informação consegue ser espalhada, fazendo com que as autoridades públicas sejam pressionadas a olhar para o tema e tomem atitudes. Nessa linha, falou sobre as ações do grupo voltadas para as zonas 30 (áreas de velocidade máxima permitida de 30 km/h). Após a COVID-19, em Sydney, houve um crescente apoio político à experimentação e implementação de zonas de 30 km/h. A redução do limite de velocidade urbana é a forma mais eficaz de melhorar a segurança dos pedestres (e para todos os outros meios de deslocamento).

A Walk Sydney possui um trabalho importante voltado para áreas escolares e pudemos falar sobre a necessidade das rotas e zonas escolares seguras, para que as crianças possam estar, brincar e viver nos espaços públicos, exercerem sua cidadania e terem mais qualidade de vida. E isso não pode ser tirado delas, por conta de um desenho urbano centrado na mobilidade individual motorizada.

Foi uma ótima tarde, de uma linda caminhada, com boas trocas e aprendizados!

Para saber mais do walk sydney, acesse aqui: https://walksydney.org/

Agradecimento especial a International Federation of Pedestrians por facilitar a troca de contatos e proporcionar o encontro 🙂

 

camiga