A Corrida Amiga busca aproximar e conectar as pessoas com o espaço onde vivem, inspirando-as a explorá-lo com nossos vários sentidos. Se nesse momento de pandemia esse espaço está limitado à residência, por que não se conectar com ela de maneira lúdica e divertida?

Foi com essa ideia que o voluntariado do Instituto Corrida Amiga, com apoio do Ocupa Baby, realizou um esforço colaborativo para adaptar as metodologias da ONG para serem usadas em casa. O objetivo foi compilar brincadeiras e fazer adaptações das atividades de sensibilização para a valorização da mobilidade ativa e ocupação do espaço público, que realizamos com crianças, como o Circuito do Pedestre e Bonde a pé.

Esperamos que essas dicas levem um pouquinho do transporte a pé para dentro de casa. Aproveitem e fiquem à vontade para deixarem sugestões de brincadeiras aqui nos comentários.

Circuito do pedestre em casa:

O Circuito do Pedestre é formado por estações que simulam as mais variadas situações de nosso sistema de mobilidade. Divirtam-se montando e percorrendo quantas estações puderem.

• Calçada Cilada: aqui a ideia é reproduzir obstáculos encontrados nas calçadas, como mudança de piso e degraus. Vale usar almofadas, panos, EVA,… qualquer objeto que possa ser colocado no chão para a criança passar por cima e sentir a variação ao pisar. Para os degraus podemos usar banquinho, caixas de madeira, ou se a casa tiver escada, incluir essa parte no circuito. Idade: 2 a 3 anos brinca acompanhado, 4 a 7 anos brinca sozinho

• Olha pra cima: assim como na “Calçada Cilada”, a ideia é simular obstáculos  presentes ao caminhar. Fixe barbante, linha ou fitas entre paredes de um corredor ou sacada para criar obstáculos em que as crianças precisam atravessar se abaixando ou pulando. Idade: 2 a 3 anos brinca acompanhado, 4 a 7 anos brinca sozinho.

• Lateralidade: Desenhe linhas no chão com giz ou colando fita adesiva para que a criança caminhe sobre elas. Para deixar mais desafiador, peça para a criança caminhar de costas e de lado. Aqui as crianças realizarão movimentos não lineares, necessários para desviar dos obstáculos ao caminhar. Aproveite para criar novos cenários no chão contando com a imaginação das crianças – alguma quadra da cidade, o bairro em que moram ou a cidade ideal. Idade: 2 a 3 anos brinca acompanhado, 4 a 7 anos brinca sozinho.

• Acessibilidade: Como é se locomover com alguma restrição física? Delimite um espaço onde a criança percorrerá primeiro caminhando normalmente, em seguida pulando com uma sacola de pano e, por último com uma toalha amarrada nas pernas. A sacola e a toalha mudarão a mobilidade da criança. 

Seguindo a mesma ideia, outra forma é vendar os olhos da criança e auxiliá-la no caminhar do percurso.  Vale trocar os papéis com outra criança ou adulto.

Conversar ao longo da atividade, levando essa narrativa, é muito importante para, de forma lúdica, despertar aspectos de inclusão, empatia e socialização. Idade: 2 a 5 anos brinca acompanhado,6 a 7 anos brinca sozinho.

• Semáforo: Para simular os semáforos que encontramos nas ruas podemos usar objetos e papéis das cores presentes na sinalização – verde e vermelho – e ensinar para as crianças quando andar e quando parar no semáforo. Aproveite para ensinar a diferença dos semáforos para carros e pedestres, acrescentando o amarelo. Confira o vídeo do blog Como Educar Seus Filhos para mais ideias. Idade: 2 a 3 anos brinca acompanhado, 4 a 7 anos brinca sozinho.

Bonde a pé em casa

Nesta caminhada pela casa a ideia é despertar o olhar da criança para diferentes elementos dentro e fora de casa (olhar pela janela).

Durante o trajeto podemos utilizar materiais que permitam a criança registrar esses elementos de diferentes maneiras. Em nossos Bondes a Pé utilizamos fichas que auxiliam esse registro para crianças de diferentes faixas etárias. Essas fichas estão disponíveis em nossa página (Ficha para crianças de 3 a 7 anos; Ficha para crianças de 7 a 14 anos)

 

• Texturas: Com uma folha de papel e lápis/giz de cera as crianças podem capturar diferentes texturas colocando a folha sobre objetos e riscando levemente a folha de papel. Idade: a partir de 3 anos.

• Vista da Janela: dobre uma folha de papel toalha ao meio. De um lado desenhe um quadrado. Do outro lado, exatamente sob o quadrado, desenhe elementos que foram vistos através da janela. Em um prato fundo ou vasilha coloque água e a folha de papel toalha desenhada. Ao molhar o papel será possível ver o desenho dos elementos de fora aparecerem dentro do quadrado da janela. Idade: 2 a 5 anos brinca acompanhado, 6 a 7 brinca sozinho.

• Observação: Alguns materiais podem ser usados para diversificar a maneira de observar os elementos de casa (Idade: a partir de 3 anos). Aqui alguns exemplos:
  • rolo de papel higiênico ou papel toalha pode ser usado como binóculos ou lunetas. O ângulo de visão será reduzido e mudará a percepção do objeto observado. 
  • régua ou barbante podem dimensionar objetos para serem comparados. Uma outra ideia é medir os pés ou as mãos e usá-los para medir distâncias. 

• Observação: Alguns materiais podem ser usados para diversificar a maneira de observar os elementos de casa (Idade: a partir de 3 anos). Aqui alguns exemplos:

Bonde a pé intermodal

Que tal incluir o transporte público nesse bonde em casa? Combinando o transporte a pé e transporte público estamos praticando a intermodalidade.

• Amarelinha do transporte público: desenhar amarelinha com fitas no chão. Nas casas da amarelinha que não podemos pisar, desenhar os assentos preferenciais dos transportes públicos, como: gestante, pessoa idosa (explicar o símbolo de  60+, que mostra a pessoa idosa ativa e não com bengala) e pessoa com deficiência. Idade: 2 a 3 anos brinca acompanhado, 4  a 7 anos brinca sozinho.

• Transporte público – conhecendo as linhas de metrô/trem: buscar mapas de metrô / trem e analisar as cores e números das estações em conjunto com as crianças. Para a atividade fluir melhor, pode-se imaginar caminhos percorridos de casa até a moradia de colegas, familiares, escolas e outros locais. O que vemos ao longo do caminho? Há motivos especiais para os nomes das estações? Pontos de interesse no entorno de algumas estações e suas histórias. Quantas estações temos em cada linha? Quais são as estações que fazem conexões entre as linhas? Idade: 4 a 7 anos, maiores de 7 podem gostar também.

A cidade em casa

Vamos transformar algum cômodo da casa em um ambiente que lembre a cidade?

As voluntárias Graziela Mingati e Bibiana Tini apontaram diversas maneiras e materiais para recriar espaços urbanos dentro de casa. A intenção é usar a imaginação e muita criatividade! 

Os móveis podem virar mesas e bancos das calçadas e praças (mudar de lugar e criar uma composição diferente). Alinhando cadeiras e mesinhas com algumas caixas de papelão é possível criar caminhos/ruas. Vasos de plantas/flores podem compor a vegetação, assim como um guarda-chuva aberto pode simbolizar uma árvore. Tapetes e almofadas simulam diferentes pisos do ambiente ou barreiras. A marquise de uma praça ou a cobertura de um ponto de ônibus podem ser feitos com lençóis/cangas (prender nos móveis; colocar sobre duas ou mais cadeiras; sobre a mesa; ou ainda com a ajuda de cabos de vassouras).

E quando a cidade estiver pronta é só brincar e aproveitar para fazer um piquenique. 

Idade: a partir de 3 anos, com ajuda de um adulto

 A voluntária Tatiana Nara lembra que mesmo em espaços bem pequenos é possível criar uma mini cidade em casa. Fita adesiva pode ser usada para traçar as ruas ou desenhar escolas, hospitais e praças. Casas e edifícios podem ser construídos com canudinhos plásticos ou palitinhos de madeira fixados com cola ou massinha de modelar. As árvores podem ter os troncos feitos com rolo de papel toalha/higiênico e as copas com folha de papel amassada e colocada sobre o rolo. Uma cidade inteira pode ocupar alguns poucos metros quadrados!

Idade: a partir de 3 anos, com ajuda de um adulto.

Além de recriar esses ambientes dentro de casa, uma ideia divertida é desenhar o perfil de uma cidade do sonho e fixá-la na janela, como uma vista do que a criança imagina para além de sua casa.

Idade: a partir de 3 anos, com ajuda de um adulto.

O escritório de arquitetura Foster + Partners criou uma série de desafios arquitetônicos para que as crianças aprendam e se divirtam durante a quarentena. Entre as atividades que foram disponibilizadas em seu site, estão: fazer arranha-céu de papel, criar sua própria cidade, desenhar árvores e imaginar o futuro. A iniciativa #arquiteturadecasa (#architecturefromhome) tem como objetivo desenvolver atividades culturais e de entretenimento para as crianças, enquanto elas aprendem através do desenho, do jogo, do pensar, da leitura, da observação e da ação.

Twister da mobilidade 

A voluntária Isabela Mello mostra que pode ser fácil a adaptação do nosso Twister da mobilidade para uma versão caseira 😉 Usando a lista de perguntas e respostas que disponibilizamos aqui, o jogo começa com uma pessoa fazendo uma pergunta para a criança. Cada resposta tem uma cor que corresponde com a marca no chão (área do twister). As marcas no chão podem ser feitas com fita adesiva ou fita crepe pintada fazendo um “X”. A criança ao responder a pergunta colocará a mão ou pé na cor referente aquela pergunta.

A área do jogo é um quadrado de 5×5 pontos, ou “x”, somando 25 locais onde a criança colocará as mãos ou pés. Idade a partir de 4 anos.

 

Para complementar as atividades, desenhos para colorir estão entre as atividades favoritas da criançada! A vantagem para os pais e professores é que dá para garantir muito tempo de diversão sem gastar nada. É só escolher as melhores opções entre os modelos gratuitos do Canva e imprimir!

Estão prontos para brincar? Qual das dicas gostaram mais?

Não esqueçam de fotografar/filmar as brincadeiras para compartilhar com  gente usando #CorridaAmigaemCasa. Adoraríamos vê-los em ação se divertindo e receber mais dicas!

Agradecemos ao grupo de voluntariado Ana Claudia Portela, Bibiana Tini, Graziela Mingati, Marcela Pires, Maria Cristina Scorza, Mity Hori, Natália Cistofani, Tatiana Nara, Renato Mello e a Lígia Jalantonio Hsu, do OcupaBaby, que participaram desse esforço para levar um pouquinho da Corrida Amiga para dentro da casa de vocês. 

Equipe técnica: Sílvia Stuchi, Angela Knijnik Burgos, Arthur Santana, Márcio de Morais.