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Durante a pandemia: caminhar ou não?

Devido ao período que estamos vivendo, muitas pessoas estão nos perguntando sobre o dilema de caminhar/correr pela cidade. Sendo assim, também no intuito de contribuir para o debate e disseminar informações com credibilidade, convidamos algumas pessoas – de especialistas a praticantes de caminhada/corrida – a nos contarem, em um parágrafo, o que pensam sobre atividades ao ar livre por agora e alternativas para se manterem ativas no período. 

Reforçamos a importância de seguir as recomendações oficiais de cada contexto/ estado / cidade/ país. Por aqui – boa parte de nossa equipe está em São Paulo, local que já há inúmeras pessoas diagnosticadas com a COVID-19 – então, apesar da vontade caminhar/correr na rua, e sentir todos os benefícios que esse ato nos gera, estamos optando por ficar em casa, o máximo possível, evitando-se assim a proliferação do vírus.

Enquanto não há o Lockdown, além da parte ética e cidadã que envolve o ficar em casa, para as pessoas que ainda insistem na ideia, estudo recém-lançado por pesquisadores das Universidades de Leuven e Eindhoven, analisando o espalhamento de gotículas de saliva, mostra que, durante atividades físicas ao ar livre, pode atingir até 20 metros(!!!). Ou seja, a recomendação da OMS de 1,5 metro, segue válida, mas não para atividades em movimento na rua, parques etc como correr, caminhar e pedalar.

Temos ciência dos efeitos adversos na saúde física e mental das pessoas em decorrência do isolamento (e muitos de nós já estamos nos deparando com esses efeitos colaterais). Mas, é importante tentar manter-se dentro de casa, sobretudo em contextos de epicentro da pandemia.

É isso, pessoal: importante manter-se em movimento, mas, em casa!

Alertam pesquisadores/as da Fapesp: confiram no vídeo (link da matéria completa aqui)

Busquem as várias alternativas, muitas gratuitas, disponíveis por aí!
Especialmente neste momento delicado de espalhamento do vírus, é importante mantermos o isolamento e distanciamento físico. Quanto mais gente empenhada no projeto coletivo, mas rápido estaremos de volta às ruas!Coletamos algumas referências, de vários contextos. Confiram:

 

Depoimentos:

[alguns depoimentos, apesar de abordarem os cuidados de higienização no pós-caminhada, foram editados e reformulados em 13/04/2020 devido ao agravamento da situação no Brasil]

Erica Telles (Coordenadora do GT Comunicação UCB):  “Diante da instabilidade da pandemia e crescente número de casos, as orientações vem mudando com alguma frequência nos últimos dias, mas algo que não mudou é a necessidade da população em sua maioria (quem consiga ficar em casa) fazer a quarentena e isolamento físico, sabemos que isso é privilégio para muitos e mesmo para quem consiga realizá-la, existem alguns momentos necessários de ir a rua para comprar mantimentos, remédios. Logo, a orientação do momento é usar máscaras para ir as ruas, opte por modais ativos (caminhadas ou andar de bicicleta), mantenha distancia de 1,5m para falar com as pessoas e se for a lugares como: bancos, lotéricas e mercados use luvas também, caso tenha frasquinho de álcool gel leve sempre com você e use caso mantenha contato com superfícies onde a higiene é duvidosa e a frenquência de pessoas ao utilizar é alta. Ao chegar em casa, tente não entrar de sapatos e se puder deixe um pano de chão umedecido em solução de água sanitária para limpar os pés tire a roupa e coloque para lavar, tome banho e depois higienize as compras que trouxe da rua. Se fizermos nossa parte pelo bem comum, conseguiremos achatar essa curva de contágio e evitar que pessoas fiquem doentes. Vamos passar por isso juntos com resiliência e firmeza!

Renato Mello (Corrida Amiga): “Seguindo as recomendações da OMS, o mais indicado é ficar em casa neste período. Mas é importante que a gente mantenha um mínimo de atividade física. Pequenas caminhadas dentro de casa podem ser ótimas saídas para evitar o sedentarismo forçado, então ponha em sua rotina andar pelos cômodos, quintais e subir e descer escadas quando possível. Os passeios e caminhadas pela cidade podem esperar um pouco!”

Gabriela Callejas (Cidade Ativa, está na Espanha): “Eu, como estou com criança em casa num apê sem varanda nem nada, há 2 semanas, estou sentindo muita falta de poder dar uma voltinha. acho que ficar aqui trancados pode trazer vários outros problemas de saúde (isso sem falar em 90% da galera que mora em casas muito insalubres, sem luz/ventilação natural, ou espaço suficiente para todos os moradores). Enfim, acho bem difícil controlar essas saídas ao ar livre, e me parece que, para um começo, colocar na situação extrema é mais fácil. Mas, francamente, não sei até que ponto (durante quanto tempo) vai ser viável e quais os outros problemas de saúde mental e física esse isolamento vai causar (…)”

Wans Spiess (Cidadeapé e Calçadas SP): “(…) embora não haja neste momento uma restrição absoluta, é preciso ter cuidado com as orientações de isolamento social. O melhor é que as pessoas passem mais tempo em casa e evitem ficar nas ruas. As que querem sair de casa para uma caminhada devem tomar medidas extras para manter sua zona de espaço pessoal. Se achar melhor ficar em casa para dar o exemplo, faça-o. O mais importante é a consciência de que cada um precisa fazer a sua parte.”

Daniel Rondinelli (Doutor em Ciência Ambiental): “Aqui na vizinhança é cheio de gente trabalhando. Mas se fossem ruas vazias, acho que beleza caminhar – com o bom senso de voltar pra casa se estiver cheio. Eu tenho substituído por exercício em casa mesmo. Já é um motivo pra largar academia e aprender a colocar isso na rotina de vez. E me fez começar a aprender yoga.”

Silvia Stuchi (Corrida Amiga; EACH USP): “Muitas pessoas vieram me perguntar como (e se) sigo correndo/caminhando por aí. Por um lado, tem a importância de manter a sanidade física e mental, por outro tem toda essa questão do nosso frágil contexto político-social-cultural. Tendo em vista que estou na região central de São Paulo, com vários casos já identificados –  pessoalmente – tenho optado por não sair (tô dando meus pulos pra me manter ativa dentro de casa rs). Fico encanada de contribuir para o discurso que desqualifica a importância do isolamento físico e quarentena, passando a mensagem de que “tá tudo bem e vida que segue.” 

Sarita Severien (Gestora Ambiental): “Eu não estou saindo para fazer exercícios na rua e também nem fui para a praia surfar…. Estou fazendo exercícios na sala e no quintal, mas se todo mundo sair para fazer exercício, a rua vai ficar cheia.”

Meli Malatesta (Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP, Blog Pé de Igualdade no Mobilize Brasil): “(…) Realmente estamos vivendo um momento inusitado. Nem todo conhecimento, tecnologia e ciência acumulados pela humanidade têm  sido capazes de derrotar, pelo menos até agora, o estrago mundial feito por este vírus mutante. O mais irônico é que ele entrou nos seguimentos sociais mais privilegiados e aos poucos atinge aos que sempre foram os mais afetados pelas mazelas da falta de saúde básica. E por enquanto a vacina é a reclusão, o isolamento, o que não significa necessariamente solidão. Penso que este momento que passamos é uma oportunidade de se rever nosso estilo de vida e principalmente nossos objetivos e necessidades para vivermos nosso dia a dia. Particularmente já vivo isso tudo há quase um ano, obrigada por minha condição de saúde e afirmo com tranquilidade que tem sido um grande aprendizado para mim. Perceber que muitas coisas que antes me pareciam essenciais, na verdade não eram isso tudo. E neste processo  descobrir e valorizar outras que antes passavam despercebidas.”

Thatiana Murillo (Caminha Rio): “Não sou radical e acho que cada caso é um caso. Se a caminhada for feita respeitando o distanciamento social e se forem tomados os cuidados de higienização no retorno para a casa sou a favor. A manutenção da saúde mental é primordial para a manutenção da saúde física. Acho que o isolamento total só para os que têm imunidade baixa ou problemas de saúde mais sérios. Por outro lado, reconheço que é difícil estabelecer regras para isso num bairro com grande concentração de pessoas. Quem tem o privilégio de morar em áreas com quadras ou praças de lazer deve aproveitá-las. Lembremos das pessoas que não tem nenhum espaço e nenhuma companhia.”

Felipe Mello (Canto Cidadão): “Pra começar, uma premissa, pra mim: manter o corpo em atividade, da forma que for possível. Por enquanto, venho mantendo uma rotina de exercícios, em casa. Com o passar dos dias, sinto que virá a necessidade de ir pra rua, em alguns momento. Daí, buscarei as recomendações de especialistas para um exercício saudável e seguro, pra mim e para os outros.”

Aline Cavalcante (Ciclocidade): “Pessoalmente penso que nesse exato momento é tempo de ficar 100% em casa, quem puder, o quanto for possível. Isso porque estamos entrando no pico da contaminação. Então, a única medida para reduzir os impactos catastróficos do corona no sistema de saúde é não se contaminando. O próprio Dr Drauzio Varella disse em entrevista que parou temporariamente de correr na rua por causa disso. Então, eu acho que esse mês (março) e no próximo (abril) precisamos mesmo não sair de casa. Após essa questão do pico de contaminação, vejo que inevitavelmente vamos precisar voltar a praticar nossas atividades – ainda que com bastante cuidado, lavando mãos, não conversando com ninguém, não tocando em nada e colocando roupas e tênis pra lavar. Vejo que as atividades ao ar livre (pedalar e correr) são absolutamente fundamentais para manter a sanidade mental das pessoas. Em especial nesse momento de restrição de rotina. Mas também fora dela. Pra sempre. Atividade física é indicação médica de saúde para sempre”

Gláucia Pereira (Multiplicidade): “O ideal é ficar em casa. Por mais que tenhamos cuidado na rua, o vírus pode estar em qualquer lugar, e aderir às roupas e calçados. E, como nossas calçadas não são tão largas como gostaríamos, nem sempre é possível passar a mais de dois metros de todas as pessoas. A mobilidade ativa traz benefícios físicos e mentais. Neste sentido, precisamos nos preparar mentalmente para o longo prazo, pois não sabemos quanto tempo levará a situação. Assim, eu sugiro que as pessoas aproveitem este início do isolamento para criar formas de se exercitarem dentro de casa. Há muitos canais no Youtube sobre exercícios físicos que podem auxiliar neste momento difícil. Caso precise ir às compras, aí sim aproveite o momento para ir a pé ao no mercado, farmácia ou padaria mais próximos”.

Gabriel Piza (Engenheiro Ambiental, está na Espanha): “Sobre os prós e contras de caminhar na rua, na Espanha, não está um ambiente para isso. A polícia não autoriza, mesmo que a pessoa esteja sozinha. A recomendação aqui é ‘fique em casa’. A coisa está muito feia. Óbvio que tem o contra, do equilíbrio e necessidade de gasto energético, por enquanto, tenho utilizado vídeos do youtube, aplicativos e outras alternativas para ir preenchendo essa necessidade. É diferente, óbvio, mas dá pra se exercitar e manter a cabeça equilibrada. É chato, mas é um período finito. Nos mantendo ativos, melhor ainda, para sairmos dessa do melhor modo possível.”

Douglas Andrade (GEPAF EACH-USP, Vice-Presidente Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde): “É necessário verificar cada contexto. Não há uma unanimidade. Quem já corre, e sai para correr, considerar fazer a higienização, principalmente do tênis, pois o vírus também fica na superfície. Eu não tenho saído, apenas para ir ao mercado. Recomendo fortemente as referências da OMS e a leitura da carta aberta à comunidade do Laboratórios de Pesquisa do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Ciências do Movimento Corporal (NUPEM).”

Gabriela Alem (Gestora Ambiental e Facilitadora de Aprendizagens): “Estou me segurando pra não ir correr/caminhar na rua, mas não. É o que eu tô sustentando pra mim mesma. Tô aqui fazendo aula de HIP HOP no youtube, ginástica louca, em 1m quadrado, quebrando tudo, batendo a canela no sofá, mas é isso aí: ISOLAMENTO!”

Heloisa Garcia (GreenPeace): “Pelas informações que busquei nos profissionais da saúde, se você teve contato com alguém que foi diagnosticado positivo, deve ficar em casa. Estou sendo bem cuidadosa se saio de casa, mas tento equilibrar o ficar em casa com o “me sentir saudável”. E, quando volto, faço todos os procedimentos de “descoronização”.

Luciana Freitas (MobiCicleta Coletivo de Ciclomobilidade de Ribeirão Preto): “(…) acho muito difícil falar pras pessoas não saírem, mas até pra uma caminhada para levar o cachorro estamos desaconselhando. Tipo ‘Vá e retorno rápido’. Há um perigo real de instauração de impedimento de ir às ruas. (…) Mesmo que no seu trajeto até o elevador, caso alguém tenha entrado antes de você e saído sem que você veja e esteja doente e tenha espirrado, o vírus fica lá no ar um pouquinho sabe? Acho que é importante o ar livre, mas não acho prudente estimular as pessoas a fazê-lo, vai ter gente que não terá bom senso.”

Andrea Barbour (Bailarina e Artista Visual): “Por aqui estamos fazendo yoga todos os dias, antes eu fazia só uma vez por semana, finalmente consegui colocar isso na rotina que já era um desejo antigo. Em quase duas semanas de quarentena eu saí a pé 2 vezes,  pra ir até o mercado.”

Celly Kelly (Bióloga): “As pessoas em outros países estão saindo para fazer caminhadas, pois os governos estão adotando medidas de higienização. Aqui não estamos tendo isso. E o vírus fica na superfície por algumas horas. Então, se a pessoa sai, na volta, deve tomar muitos cuidados e recomendações. A pessoa pensa assim ‘tenho o direito de sair se fizer todo o protocolo de limpeza direitinho’, mas não há como garantir que todas as pessoas que sairão possuem a mesma informação e que também seguirão o protocolo. Então, enquanto ainda não há uma proibição efetiva, a decisão trata-se de um julgamento de valor individual, e que esses aspectos devem ser levados em conta.”

William Fernando Boudakian (REMS e Instituto Barrichello): “Eu curto muito bike, mas uma matéria me fez pensar e traz bons argumentos do por que não sair agora.”

Bibiana Tini (Metrópole 1:1 e Corrida Amiga): “Realize a caminhada nas saídas para compras de necessidades básicas, pois permite que se realize duas necessidades ao mesmo tempo, além de não criar incentivos à permanência e exercício físico na rua. Seguindo esses critérios, acredito que é possível caminhar ‘com responsabilidade com a comunidade’. Para me manter ativa: faço uma rotina, crio ela no começo ou final da semana e tento seguir para manter os períodos do dia na minha mente e no meu físico. Incluo fora do horário de trabalho: yoga online, pular corda, plantar, ler, conversar, etc.”

Mity Hori (Corrida Amiga): “Eu acredito na ciência e por isso estou em isolamento social. A quarentena pode se estender, então é importante adaptarmo-nos à restrições mais severas de saída. Mudei as caminhadas por exercícios em casa e acompanhando as Lives de funcional e yoga. Se esportistas profissionais quando tem fratura se recuperam, no retorno, nós também vamos voltar a ativa. É pela vida das pessoas. #ficaemcasa.”

Márcio Morais (Corrida Amiga): “Se eu morasse sozinho, em um bairro vazio, em uma cidade-fantasma, eu sairia pra caminhar. E na volta faria a higienização da minha roupa e sapatos para evitar redistribuir o vírus na próxima caminhada. Mas a realidade de hoje é: fico em casa para diminuir as chances de contágio das pessoas do grupo de risco com quem moro, para evitar ser um agente de dispersão do vírus e para não passar a impressão à comunidade onde vivo de que está tudo bem sair ou que eu posso sair enquanto muitos se esforçam para ficar em casa. Acredito que somos responsáveis pela influência que temos em nossa rede social, real ou virtual, então, no momento, fico em casa.”

Angela Knijnik (Corrida Amiga): “Acho que sair para caminhar ou não vai depender de cada caso. Eu moro com a minha vó e minha mãe, em um prédio que teria que pegar o elevador para acessar o térreo. Pelo menos por enquanto, prefiro não arriscar – embora eu já esteja sentindo grandes consequências na minha saúde física e mental – optando por exercícios que podem ser feitos em casa através de vídeo aulas. Entendo que caminhar é extremamente necessário e crucial para algumas pessoas, assim, prefiro deixar o espaço da calçada livre para elas.”

Arthur Santana (Corrida Amiga): “Eu no momento estou ficando apenas em casa e tenho incentivado bastante que todos que possam façam o mesmo. Acho que por todo o cenário e contexto do Brasil, além de seguirmos a recomendação precisamos passar a mensagem para as outras pessoas que a situação é delicada. Acho que vale mais a privação da caminhada por um período para que possamos desfrutar dos espaços públicos e das caminhadas mais leves e seguros no futuro. Enquanto isso estou fazendo alguns exercícios em casa para a saúde física, e mantendo uma rotina e o contato online com amigos e parentes para a saúde mental.”

Graziela Zanchetta Mingati (Corrida Amiga): “Diante do atual momento em que estamos vivendo, é fundamental seguir as recomendações e permanecer em casa, adotando métodos alternativos para se manter ativo e, assim, cuidar da sua saúde e de outras pessoas. Mesmo que não haja contato com o meio, uma rápida caminhada pode significar um convite à ocupação do espaço urbano por outras pessoas, gerando um efeito contrário do desejado. É uma boa hora para aproveitar as diversas oportunidades gratuitas e se exercitar junto aos profissionais e educadores físicos por meio das redes sociais, desde um alongamento diário até uma série de exercícios físicos adequados a cada pessoa. Para os trabalhadores que necessitam circular pela cidade, acredito que uma boa alternativa é adotar meios de transporte ativos, como combinar o trajeto a pé com o uso da bicicleta, tomando os devidos cuidados de higiene e medidas preventivas.”

Maria Cristina Scorza (Corrida Amiga): “Eu simplesmente, AMO caminhar e não podemos ficar parados, mesmo nesse período de pandemia. Esse céu azul de outono é um convite para os olhos também, então, porque não aproveitar e dar uma caminhada pelo bairro, mesmo que seja para ir até a padaria, supermercado ou farmácia. Vale também se exercitar nas escadarias do prédio (o meu tem 22 andares e 2 subsolos), tudo com bom senso, é claro.”

Noel Rosa (voluntário da Corrida Amiga): “Não poder andar e correr pelas ruas do meu próprio bairro, dos três parques aqui perto de casa e sentir o vento na cara e a sensação de liberdade é muito ruim; sentir que sou um prisioneiro é terrível, a preocupação com os parentes que moram distantes dá um nó no estômago, porém, estou aguentando. (…) Com orientação da assessoria esportiva que me treina e que têm uma equipe de corrida da qual faço parte, fui orientado a ficar em casa e realizar meus treinos em casa (…). Orientado pelos professores do grupo via Whatsapp, aplicativo e vídeos no YouTube, nós atletas deste grupo estamos usando o próprio corpo e partes das nossas casas, tipo escadas, corredores, sofá, etc. (…) Esses treinos domésticos são bem legais e eficientes, apesar de também serem complicados e difíceis, mas está tudo indo razoável, principalmente por conta dessa conexão online em tempo real com a galera. O problema e perturbação mais pesada é a preocupação com meus parentes teimosos que não estão dando importância para o problema.”

Marcela Pires Ferreira (voluntária da Corrida Amiga): “Eu estou sentindo bastante falta de caminhar, até porque está um sol lindo, né? Porém, não tenho feito, estou evitando sair até pra não trazer o vírus para dentro de casa e por saber que estamos entre as semanas mais críticas do contágio. Talvez mais pra frente eu volte.”

Marina Borelli (Assessora contábil e Gestora Ambiental): “Eu estou usando essa bike, rolinho e aquele App Zwift que simula treinamento de corrida/bike que tá de graça na quarentena.”

Alberto Sagaz (Caminhada das Quebradas):Essa é uma Questão que eu venho me perguntando também. Confesso que com esse crescimento da pandemia e muito a contragosto tô correndo dentro de casa. Sei o quanto é essencial esse confinamento por completo”. 

Mauro Calliari (autor do blog Caminhadas Urbanas): “Mesmo sendo o autor de um blog que estimula sair às ruas e vivenciar a cidade, num período tão incerto como esse, porém, creio que é preciso repensar os hábitos e até ir um pouco na contramão do que falamos cotidianamente. Nesses dias em que o contágio precisa ser contido, quanto mais evitarmos o contato, melhor. Dito isso, existem pessoas que por morarem em lugares muito vazios e não terem restrições na hora de sair de casa, talvez consigam manter um pouco do hábito de caminhada como exercício e respiro combate ao tédio e ao sedentarismo. Para as pessoas do grupo de risco e aquelas que não conseguem sair de casa sem encostar em maçanetas, portas, portões, minha sugestão é fazer 20 minutos de exercício dentro de casa todo dia, com alongamento e um pouco de fortalecimento muscular. Há muitas pessoas que oferecem  sugestões de exercícios na internet. Também é importante exercitar a mente; recomendo pelo menos meia hora para desligar nas notícias e da internet, através de alguma leitura que você goste. Força! Um passo de cada vez!”

Roberta Soares (jornalista, titular da Coluna Mobilidade): “Desde que comecei com o home office, na semana passada, tenho ficado em casa o dia e noite inteiros. Nós jornalistas temos trabalhado muito para checar e levar informações seguras à população. Por falta de tempo e por consciência, tive que abrir mão das minhas caminhadas e pedaladas. Como resido na praia, apenas no fim de semana estava caminhando rapidamente pela areia, sozinha e em horários de pouquíssimo movimento. No entanto, após verificar que as pessoas não estavam levando a sério o isolamento, decidi ficar trancada em casa. Para cuidar do corpo, vou fazer faxina e arrumar lugares que há tempos não arrumo em casa. E da alma eu cuido ouvindo o novo disco da Pearl Jam (Que amo!), muito rock, e falando com Aparecida!

Ivson Miranda (Fotógrafo e ciclista): “Sério. Isso por enquanto é uma recomendação, pode mudar se vier um lockdown total. Eu sei, é difícil, tem feito dias lindos, clima e temperaturas perfeitas para pedalar, mas temos que evitar. Ciclismo envolve riscos, por melhores que sejam os ciclistas. Em caso de acidente pode sobrecarregar ainda mais o sistema de Pronto Socorro neste momento tão delicado. E temos que evitar ao máximo a presença em instituições de saúde onde o risco de contágio é muito grande. Com exceção é claro para quem a bicicleta é o seu veículo de trabalho. Neste caso redobrem a atenção, estão surgindo relatos de que os motoristas não estão respeitando a sinalização e estão mais agressivos do que já são”.

Danielle Hoppe (Gerente de Transportes Ativos ITDP): “ Tenho procurado sair somente para comprar itens de necessidade básica, mas entendo que as necessidades e condições de confinamento de cada um são diferentes. A escolha dessas saídas exige responsabilidade com o coletivo. A maioria de nós vive em áreas densas, e se não abrirmos mão de boa parte dos nossos hábitos, não teremos o resultado esperado com a quarentena”

Mário J. Alves (Secretário Geral da International Federation of Pedestrians, está em Portugal): “Aqui em Portugal e na Europa felizmente (com a exclusão temporária da Inglaterra que já fez marcha atrás), o distanciamento físico foi relativamente bem compreendido e os governos estão a emanar a mensagem responsável. Aliás quem parece ser mais indisciplinado em Portugal são os nossos queridos idosos hehe… Provavelmente por pensarem que já viram muito e também por terem níveis de educação menores. Mas é uma questão interessante e um dilema que como International Federation of Pedestrians tenho pensado bastante para não postar e repostar bobagem. Como em tudo percebi que a regra é muito contextual – por exemplo, só ontem compreendi que até pode ser um posicionamento político. Não tenho dúvidas nenhumas que a saúde mental é um bem de primeira necessidade – ainda por cima se não soubermos bem quanto tempo o recolhimento será necessário. Por isso, tenho por mim que ir dar um passeio no nosso bairro ou parque próximo de casa pode ser uma opção responsável em certos contextos. Mas se viver num prédio com muita gente já teremos que ponderar não usar o elevador por exemplo. Mas também entendo, mesmo fora do posicionamento político, que existe a questão do exemplo. Onde o dilema começa a ser mais difícil é por exemplo na recomendação de fechamento de vias para automóveis para pedestres e ciclistas. Está a ser uma proposta de várias pessoas na nossa área. Sobre isso balanço um pouco, pois poderá encorajar uma espécie de Paulista Aberta todos os dias com os problemas logísticos que isso acarreta. Mas seria lindo e quem sabe despertar mais humanidade – que podemos estar a perder fechados em casa”.

Tifani Soares (voluntária da Corrida Amiga):O mais adequado é ficar em casa e buscar novos exercícios: yoga, alongamento, polichinelo, agachamento, tudo isso vai formando um conjunto de exercícios que substituem a corrida e caminhada”.

Marina Pereira (psicóloga e facilitadora da Corrida Amiga): “Caminhar sempre, mas no momento NÃO na rua e nem em ambientes abertos. Usar a criatividade é primordial. Pode fazer caminhadas em casa mesmo, na arrumação ou nas pausas, preste atenção nos passos dados. Uma dica é a meditação caminhando, precisa apenas de um pequeno espaço.”

Tatiana Nara (voluntária da Corrida Amiga): “Como passamos por uma fase em que precisamos nos isolar, podemos aproveitar a oportunidade para desenvolver novas habilidades e conhecimentos de nós mesmos, buscando nos manter ativos (corpo e mente) com o espaço e as condições que temos. Portanto, alongamentos, meditação, exercícios aeróbicos, descobrir o sol nos ambientes, ler sobre mobilidade urbana e outros temas de interesse além de saudável pode ser muito prazeroso. A vida é sempre mais importante!”

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